Crônica: NOSSA DURA REALIDADE - NO VALE DA MORTE E DA SOMBRA

 

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NOSSA DURA REALIDADE: NO VALE DA MORTE E DA SOMBRA                                            (termos usados por “Prem Baba”)

   Tércio Inácio Jung  

Freud tinha razão, mas em partes: de fato a libido nos move e de fato o inconsciente também faz parte da existência de cada um de nós. Entretanto, temos uma infraestruturanatural (mas inconsciente em nós humanos),sobre a qual a libido se estrutura, qual seja, nossa condição orgânica vem carimbada com a finitude; finitude que, em outras palavras e para ser claro e direto, é a morte orgânica, ou melhor, como dizia Schopenhaeur: nascemos para morte (eu acrescentaria: morte orgânica).

Nesta condição natural somos iguais aos demais seres vivos, afinal, é da nossa condição orgânica, física, corporal... assim como em qualquer animal ou planta. O que nos diferencia é nossa condição racional, entretanto, por isso, acabamos mais complicando nossa existência do que tomando consciência da nossa dura e real condição.

A humanidade, quase em sua totalidade, caminha em círculos no vale da morte e das sombras. Comparável a um deserto árido, penoso e inseguro, onde a morte orgânica, a cada dia, está mais presente; a miragem (nosso mundo das ideias, ou, nosso vale das sombras) acaba se tornando numa forma de fuga daquela dura realidade, lembrança da nossa condição de finitude.

Graças também a razão, a humanidade chegou a criar toda uma infraestrutura neste deserto a fim de facilitar suas voltas em circulo, afinal, tudo está edificado no deserto. De tanto iludir-se com miragens nem mais temos consciência de que, de fato, vivemos num deserto e iludido com um mundo das sombras.

O deserto é duro, assim como a nossa condição de finitude que não nos larga enquanto tivermos corpo. Aliás, o corpo tem sua inteligência própria (aliás, quem sabe, este é o inconsciente freudiano), e pelo jeito é a infraestrutura para nossa inteligência racional, que seria a superestrutura.

Enfim, cada um é o seu deserto e cria o seu mundo de miragens. Ou ainda, se acostuma a viver no deserto e em vez de apelar às miragens se agarra em outros prazeres/libidos, ou até, muitas vezes, cria necessidades maiores que o próprio deserto como: um casamento sem amor, uma família sem ter condições de sustentar, filhos (quem sabe a forma mais comum, mais que as miragens), um emprego que odeia, ou sempre sem emprego, vicio em drogas, vicio em jogos, orgias sexuais, permanente insatisfação com o corpo, querer sempre mais poder, salário melhor, sempre mais bens, sempre mais títulos... e assim, nunca precisará ver e assumir o seu deserto de sentidos.

E a humanidade vive no vale da morte e das sombras; dando voltas no deserto de Ferrari ou a pé, imaginando “céus” com virgens ou sem, paraísos, a iluminação”, fugindo de sua condição orgânica/finita com distrações que o  ocuparão uma vida toda.

Schelling dizia que “no homem a Natureza se tornou autoconsciente”. Eu digo: a humanidade está cada vez mais longe de ter consciência da sua condição de natureza, apesar de ser conduzida por ela do nascimento até a morte orgânica (infraestrutura natural; ou inteligência do corpo (sobreviva e reproduza-se)), perdida no mundo das sombras (superestrutura humana; ou inteligência das ideias/nossa racionalidade), logo, com poucas condições para um existir equilibrado, aqui e agora.

E ainda nos achamos OS INTELIGENTES. Que miragem, “agradável” por um longo tempo e, para grande maioria, toda vida.

 

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