CRÔNICA: Mantenhamos a calma; o mercado precisa de consumidores
CRÔNICA:
Mantenhamos a calma; o mercado precisa de consumidores
Tércio
Inácio Jung
Estou cada vez mais convencido de que o “primeiro motor aristotélico”, na sociedade contemporânea, é o dinheiro. Tese comprovável diariamente pelos telejornais, ou melhor, pelas denúncias de corrupção nos três poderes da nossa República. A única dúvida que persiste é se o Legislativo é o mais prostituível ou o Executivo. Que me perdoem as prostitutas,que fazem da prostituição um trabalho até que honesto. Disponho do adjetivo “prostituível” no sentido de que leva/goza quem paga; assim como na prostituição não há necessidade alguma de romantismo, galanteios, charme... no Legislativo e Executivo – um pouco menos nos Judiciário - pelo que tudo indica, também não é mais necessário política representativa, interesses sociais... , ou seja, quem paga leva.
Mas, voltando ao primeiro motor, o dinheiro, a partir do qual praticamente tudo se estrutura (inclusive grande parte das pesquisas científicas) e em torno do qual gira a estrutura capitalista, me ocorre o seguinte raciocínio: será que a cosmologia e os mitos, depois a religião, depois a filosofia e mais recentemente a política e o direito, foram suplantados, definitivamente, por um novo “primeiro motor”, qual seja, o do dinheiro? Ou será, que efetivamente - mas nem sempre tão evidente ao longo da historia da humanidade - o dinheiro, ou melhor, o valor de troca sempre foi a “mão invisível” que conduziu a história interhominis?
Entretanto, mantenhamos a calma, não nos desesperemos, pois há um ponto a nosso favor neste “primeiro motor” da humanidade, ou seja, ele não é nada divino como alguns querem acreditar; como diz o sábio ditado popular: dinheiro não cai do céu, e eis que podemos manter a esperança, pois, afinal, como o dinheiro não cai do céu ele precisa sair de outro lugar e é aí que entramos na conversa, ou melhor, o capitalismo precisa de consumidores.
Os “mercados”, que são os atuais templos do consumo, não sobreviveriam sem os consumidores, obviamente. E sem dinheiro os consumidores, em geral, não vão às compras. Assim, a nossa melhor garantia é de que o “primeiro motor” não pode parar e para isto ele precisa do combustível fornecido por nós consumidores.
Aliás, um outro elemento para trazer a baila nesta questão, são os financiamentos “públicos” (públicos por serem criados e incentivados pelo Governo, que deveria ser do povo), entretanto, tais financiamentos (créditos) não são nada mais que uma moderna “escravidão branca” pois o principal motivo subjacente é acorrentar as pessoas à necessidade de produzir renda a fim de “honrar” o financiamento e, obviamente, que a produção de renda está ligada ao trabalho, ou seja, estou escravo pois precisarei trabalhar por 30 anos para pagar o financiamento da “minha casa-minha vida” ou, como alguns já costumam dizer: “minha casa – minha divida”.
Enfim, temos um alento neste mundo capitalista, na verdade, uma grande garantia de vida, pois sem consumidores os mercados não funcionam e o “primeiro motor” da dita sociedade moderna pararia.
Sugiro irmos todos comprar carne, cerveja ... e festejarmos esta “bendita necessidade” da estrutura capitalista, pois acreditem, se os animais e as plantas comprassem diretamente os produtos de subsistência, inventados para eles, estaríamos - ao menos a grande maioria de nós - com os dias contados na sociedade capitalista.
E mais, parece que a sorte está mesmo do nosso lado, pois até a revolucionária e moderníssima era da computação AINDA precisa de nós, únicos consumidores deste produto inventado por pessoas consideradas muito inteligentes, para satisfazer uma necessidade criada para nós, também considerados racionais/inteligentes.
E assim caminha a humanidade, infelizmente mais consumidora que inteligente.
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