CRÔNICA: POLÍTICA PARTIDÁRIA: VERDADE OU CRENÇA?

 

CRÔNICA

POLÍTICA PARTIDÁRIA[1]: VERDADE[2] OU CRENÇA[3]?

   Tércio Inácio Jung

  

            Acompanhando as “votações do fora Dilma”, ou melhor, as votações dos deputados federais a respeito da aceitação do relatório “denunciativo”, que culminaria no impeachmentde Dilma, cheguei a pensar, por várias vezes, que os dois lados tinham razão, de tão convincentes que eram em suas alegações. Fiquei pensando com meus botões: mas afinal, qual dos lados tem razão? A Dilma cometeu crime de responsabilidade ou não? A maioria dos simpatizantes do Partido dos Trabalhadoresafirma  que ela não cometeu. Lembrando que, a própria também garante que não cometeu. Mas, aos menos, 367 deputados federais estão certos de que ela cometeu, tanto que votaram pela aceitação da denúncia.

Quem estará com a verdade? Estes 367, ou aqueles 137. A verdade, sobretudo neste caso, não seria uma só? E todos, ao menos até onde acompanhei, garantiam que estavam do lado da verdade. E agora? Poderia este caso ter duas verdades? 

Eu, como um voto único, conscientee inteligente, queria muitoficar do lado da verdade - que no caso deveria ser uma só - e como os deputados estavam defendendo duas verdades antagônicas, comecei a buscar na fonte da denúncia, oferecida pelo procurador de justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal. Ingenuidade minha, pois afinal, quem denunciou também já estava convicto do que queria.

Encurtando a estória, a Dilma “perdeu”, mas continua assegurando que é inocente, assim como os 137 e a maioria dos simpatizantes do Partido dos Trabalhadores. Entretanto, também não sei de nenhuma declinação em relação a verdade sustentada dos 367 que votaram pelo prosseguimento da denúncia, ou seja, todos seguem convictos da sua verdade. Opa! Mas em relação à Dilma deveria ter uma verdade apenas: ou cometeu crime de responsabilidade, ou não.

Já que a verdade - única – não foi “desvelada” sigo em dúvidas. Aliás, será que em questões de “política partidária” teria/tem sempre mais de uma verdade? Será que me resta, então, decidir por acreditar em um dos lados? Seria a “política partidária” da ordem da crença e não da verdade? Crença não no sentido religioso, mas no sentido de ter de “acreditar” em um lado, o que é bem diferente de saber da verdade.

 

               



[1]Política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado.

[2]Aletheia (MitologiaAlétheia (em grego Ἀλήθεια), era uma Daemon que personificava a verdade, a honestidade e a sinceridade. Seus Daemones opostos eram Dolos, a trapaça, Apate, o engano, e Pseudea, a mentira, sua equivalente na mitologia romana era Veritas.

[3]“crença” vem do latim credentia, do verbo “credere”, “crer”, que significa “aderir pela fé, ter a firme convicção, não ter a menor sombra de dúvida”

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