ACORDANDO DE OUTRO “SONO
DOGMÁTICO”
a razão humana é da ordem da reação e não da ação
Tércio Inácio Jung
Estudando a teoria de Habermas - para não
usar o termo dormindo com Habermas – acordei de um longo “sono dogmático”.
Assim como Kant foi acordado por Hume de um “sono dogmático”, eu fui acordado
por Habermas.
Partindo do pressuposto de
que é a razão que nos diferencia dos demais seres vivos, ou seja, nos faz
seres humanos e, também convencido de que esta razão é teórica (pensar) e
razão prática (agir), passei a debruçar-me sobre a razão prática por estar
muito mais curioso com “o que nos move/nosso animus” do que com “como pensamos”.
Kant (1724-1804) nos tinha convencido,
até então, de que a razão prática é ação por requerer de nós deliberação, ou
seja, agir “conforme ao dever ou por dever”, o que nos levaria a uma ação
moral ou não. E para Kant, a ação moral é impelida de dentro para fora e,
quando esta falha, torna-se necessário um controle externo, ou seja, um pai,
ou um contrato/a lei, ou um Deus.
Entretanto, envolvido com a teoria
habermasiana, passei a confrontar-me com outra dimensão da nossa razão
prática/nosso animus, qual seja, a
da interação. Habermas (1929) centrou-se no desenvolvimento de uma teoria
social, que, por sua vez, levou-o a observar a coordenação da ação das
pessoas em “casa” e na sociedade, percebendo quase que imediatamente que
anterior à coordenação da ação há uma razão que os dirige. Assim sendo,
Habermas passou a debruçar-se sobre a razão, ou parafraseando Marx
(1818-1883), a infraestrutura (racional) que dá sustento à superestrurtura
(coordenação da ação). Insatisfeito com a razão subjetiva, que é do sujeito
“em casa” - preocupado quase que exclusivamente consigo, quando muito, como
afirma Hume (1711-1776), preocupado também com os seus próximos, ou seja, os
familiares - Habermas, investe tudo na busca de uma razão menos egoísta, já
que viver em sociedade é inevitável para nós seres humanos racionais. Assim
desafiado, ele passou a empenhar-se na fundamentação de uma
razão/racionalidade interativa, o que o levou a um novo paradigma, qual seja,
o da linguagem, da racionalidade comunicativa.
Hume, no seu Tratado da
Natureza Humana, se dedica a uma fundamentação empírica do operar da razão. Ele
chega à conclusão de que é através dos sentidos que temos as sensações, que
vão se inscrevendo em nosso cérebro e, quando pensamos apenas relacionamos
memórias de sensações (signos e juízos). Em síntese, não pensamos os objetos,
mas pensamos as memórias das sensações, relacionando-as. Entretanto, o que
quero enfatizar a partir de Hume, no momento, é a fundamentação do “ser” humano
também na Natureza, ou seja, precisamos destronar a razão como exclusiva
fonte de nosso animus, como se ela
fosse um ente quase divino que governa tudo.
Isso posto, o leitor pode perceber que eu não
estive sozinho, solitário em meu local de estudos, mas, interagindo com
vários autores e teorias a fim de chegar a um consenso - ou a uma opinião
final, conforme Pierce (1839-1914) - sobre a razão prática/nosso animus.
E desde já peço a cada um de vocês: não reajam
simplesmente, mas interajam (ou contemplem). Ninguém é obrigado a despertar
aliás, o sono é o lugar ideal para a reação enquanto a interação só é
possível com sujeitos despertos e inter-hominis e, a contemplação requer muito
desapego e entrega.
Assim desafiado a superar o sono dogmático
kantiano (e de quase toda filosofia moderna) e inspirado especialmente pela
teoria do Habermas e, pela histórica
necessidade e/ou inquietação humana na busca de uma força/energia/consciência
maior, passei a pensar na razão prática enquanto ação, interação, reação e contemplação.
A ação seria da ordem da funcionalidade
orgânica/natureza, a interação seria da ordem da nossa sociabilidade
necessária e inevitável, a reação seria da ordem da razão humana e a
contemplação da ordem do altruísmo, da abertura ao além de nós mesmos e da
intuição. Confesso que, a partir disto, sinto-me tentado a fundamentar a
nossa razão teórica como: inteligência Natural (dos sentidos), inteligência
interativa (comunicativa), inteligência relacional (ideias/signos e juízos),
e inteligência transcendente (intuição). Deixo isto em suspenso, no momento.
Entretanto, eis que acordo do sono dogmático:
passei a me interrogar se a razão humana remetia a ação ou a reação e... eis
que aqui estou, acordado e afirmando que a razão humana é reação e a
funcionalidade orgânica/Natureza é ação.
O acordar foi possível por considerar as quatro
dimensões da nossa razão prática, concebendo-a ampliadamente e não a
restringindo à ordem da razão enquanto ação, aliás, eis o nosso longo sono
dogmático: conceber a razão enquanto ação e, sono profundo de
Descartes(1596-1650), Kant e da maioria dos filósofos modernos. Convém
ressaltar aqui que todo nosso sistema de ensino institucionalizado está
fundado apenas sobre a razão reativa.
Assim passo para o segundo
momento do meu despertar. Passei a perceber que o que nos impulsiona é a
razão prática formada por funcionalidade orgânica/natureza, “racionalidade”,
razão e contemplação, logo, nossa razão prática é AÇÃO – INTERAÇÃO - REAÇÃO –
CONTEMPLAÇÃO. Veja, caro leitor, que até os termos na língua portuguesa estão
a favor desta teoria, uma vez que nos quatro conceitos aparece a palavra
ação, evidenciando que é o que nos impulsiona/move.
Trago mais elementos à mesa comum do
debate, pois, assim como Habermas, também tenho clareza de que pela interação
o humano já é desafiado a sair do seu individualismo, entretanto, a razão
reativa o encerrou no individualismo; até a dimensão da contemplação está
restrita, em geral, as necessidades pessoais imediatas, longe de uma abertura
à intuição.
Deixo claro ainda, que não há hierarquia entre as
quatro dimensões da razão prática, aliás, foi isto que embalou o sono
dogmático, ou melhor, a razão era a soberana na determinação da ação – ou ao
menos deveria ser – conforme pregava o Iluminismo, depois o positivismo e,
ainda prega a era moderna, era que concebe e alimenta a razão como
restritamente técnica-instrumental, segundo Weber (1864-1920).
Mas, intensificando a
fundamentação e a interação argumentativa: felizmente fui agraciado pela
natureza com um falcão relógio, ou melhor, uma falcão relógio que fez ninho,
pela quarta vez, na churrasqueira da casa de sítio. A primeira ação de
funcionalidade orgânica/natural desta ave, que me chamou atenção, é que ela
vem fazer ninho sempre em início de setembro. Evidente que ela não anda/voa
com um calendário embaixo da asa, mas orienta sua ação por fatores naturais.
A segunda ação dela que me impressiona é a da proteção dos filhotes no ninho.
Tenho quase certeza que você já disse – ou ao menos pensou – mas isto é
reação instintiva e não ação. E eis meu maior desafio - que ouso comparar ao
de Einstein questionando a teoria da gravidade de Newton – fundamentar a ação
a partir da Natureza e a reação a partir da razão humana.
Hume afirma que a natureza nos dotou do
sentido da autopreservação, comparando-a a uma ordem natural. Uma ordem de
ação e não de reação, que leva, por exemplo, o corpo/organismo a
reproduzir-se incessantemente e a proteger-se para sobreviver, ou melhor, a
natureza leva todos os organismos a esta ação. Parece-me que aqui podemos
localizar também o prazer (paixões e vícios) e a dor (medo e insegurança),
solo fértil para nossos sentimentos e juízos.
Os nossos cinco sentidos também operam
identicamente em cada organismo, desempenhando a mesma ação em todos, ou
seja, todos ouvem com os ouvidos, cheiram com o nariz, etc., e assim, pelo
uso dos sentidos, incluindo necessariamente o sentido da autopreservação,
cada indivíduo vai fazendo experiências e, em seguida, memorizando sensações
(signos), criando como que um celeiro de signos que ele passa a relacionar, pensando,
produzindo ideias e juízos. Pensar, então, é relacionar signos e, isto ocorre
no individuo subjetivo; e pela comunicação/linguagem, interagindo, torna-se
possível o acesso aos celeiros de signos de outros.
Pelo pensar e falar, ou seja,
relacionando ou comunicando ideias e/ou juízos, o humano se difere dos demais
animais, ou em outros termos, se torna o ser racional, indo além das leis da
Natureza, que também são parte dele. Enquanto a falcão relógio segue sua ação
natural auto preservando-se, o que inclui criar os próprios filhotes
alimentando-os com a caça de pássaros menores, os humanos passam a reagir
racionalmente, controlando a ação natural, chegando a domesticar animais para
não precisar caçá-los.
A razão moderna,
quase divina, chegou a esquecer-se da nossa condição natural, interativa e
contemplativa, iludindo a humanidade toda por afirmar que não havia nada que
merecesse sua atenção além da sua poderosa razão-reação. Razão tão poderosa
que passou a se achar dona da razão prática, entretanto é apenas uma das
dimensões.
Enfim, há duas dimensões anteriores à reação e
uma posterior e, o ser humano “inteligente” precisa começar a considerar
estas dimensões, ou seguirá sua existência, iludido. Inclusive, me parece
razoável afirmar que a nossa razão se instrumentalizou em demasia, justamente
por ser reação ao funcionalismo orgânico, ou melhor, utilizamos nossa
razão-reação para dar respostas mais eficientes ao funcionalismo orgânico que
nos perpassa desde a concepção. Ou, como já insistia Schelling (1775-1854), o
homem é parte da natureza e que nele a natureza atingiu a
autoconsciência.
A falcão relógio não indica ter memória de
sensação armazenada e com certeza, não leva em consideração que eu, como
humano, sou dotado de razão e por isto novamente não lhe farei mal, afinal,
já é quarta vez que a deixo ocupar a churrasqueira... assim sendo, toda vez
que me aproximo do seu ninho (o que faço raramente, pois, como tenho
inteligência, instalei um sistema de monitoramento por câmeras - ferramenta
criada por outros humanos inteligentes - o que seguramente não a perturba),
ela age como da primeira vez, abrindo as asas e pronta para ação de autopreservação.
Eu, dispondo das minhas memórias das sensações anteriores - o que inclui o
acesso ao celeiro de sensações de outros que foram registradas, pois
pesquisei na internet a respeito da minha inquilina, inclusive para
identificá-la - reagi a ela tranquilamente, inclusive feliz em poder
hospedá-la e sendo cuidadoso ao máximo para também deixá-la à vontade em seu
ofício natural.
Nós, devido a nossa razão que reage ao
funcionalismo orgânico, conseguimos construir casas e não precisamos mais
viver em cavernas, como nos primórdios, ou seja, reagimos à ação natural da
autopreservação e desenvolvemos ferramentas e técnicas que, devido à
memorização e transmissão oral dos celeiros de sensações, foram se acumulando
e passando de geração em geração. Inclusive, graças a este acumulo de
informações e aperfeiçoamento de técnicas, conseguimos hoje construir
edifícios altíssimos.
Aqui me chama a atenção o fato de que seguimos
reagindo sobre reações de outros e, por isto acabamos quase que nos
esquecendo da funcionalidade orgânica, ou ao menos relegamos ela a um segundo
plano, achando que somos autossuficientes pela nossa condição racional.
Antes de prosseguir quero insistir que
esta teoria só faz sentido quando considerada no todo, ou seja, a razão
prática enquanto ação, interação, reação e contemplação. Se você quiser
entender isto estando ainda no sono dogmático, que tratava da razão prática
apenas como ação, evidentemente não conseguirá prosseguir. Afinal, como posso
interagir com alguém que ainda está “dormindo”?
Já abordei várias vezes a dimensão
interativa da razão prática, como acabo de fazer há pouco, ou seja, acessar
os “celeiros de símbolos e juízos” registrados também é interação, pois posso
ser muito mais perturbado por uma leitura do que por uma conversa pessoal,
cara-a-cara . Entretanto, com a falcão relógio não ocorre interação, pois ela
age se defendendo e eu reajo querendo conhecê-la mais/melhor e assim ampliar
meu celeiro simbólico devido a minha curiosidade.
Aproveito para aventar que nosso celeiro de
signos e juízos é tanto consciente quanto inconsciente e mais, que este
inconsciente teve influências dos celeiros de sensações de nossos
antepassados, ou seja, herdamos signos e juízos de nossos antepassados.
Retomando a dimensão da interação, apelo
à teoria de Habermas. Habermas está preocupado com a interação das pessoas em
sociedade e, na busca de explicações ele acaba percebendo que o que move as
pessoas é alguma razão, ou seja, para compreender como se dá a interação das
pessoas ele deveria compreender antes a razão que os move.
Habermas questiona profundamente a razão
como mero pensar de indivíduos, isolados em suas subjetividades e
considerando-se autossuficientes para desvendar as leis da natureza pelo uso
da razão teórica. Claro que isto oportunizou algumas descobertas importantes
e avanços técnicos promissores, melhorando a própria vida, mas também criou
novas dúvidas e necessidades artificiais.
Até mesmo estas descobertas, a partir da
razão teórica, precisam, segundo Habermas, ser expostas à comunidade
argumentativa para análise, crítica e melhorias. Se eu ficasse em meu
escritório com esta teoria, ela só teria sentido para mim. Poderia muito bem
estar me iludindo com ela. Já quando a exponho ao crivo argumentativo,
pretendo que ela sobreviva por fazer sentido para nós, que pretendemos
entender a vida como um todo, do qual somos parte.
Alerto, entretanto,
que a interação só é possível quando os sujeitos estão dispostos a interagir,
o que é muito difícil, pois, na maioria das vezes, apesar de estarem num
grande coletivo, todos estão lá como indivíduos reativos, ou seja, fixados em
sua razão subjetiva e reativa, estando quase que completamente fechados ao
outro, fechados à interação que requer a abertura para uma possível crítica e
mudança.
Habermas incansavelmente insiste na necessidade
humana de progredir na consciência social e
uma vontade discursiva - intersubjetiva, superando a individualista –
subjetiva. E para ele está claro que é pela linguagem que isto pode e precisa
ser articulado, ou seja, a linguagem é da ordem da interação.
Arrisco afirmar agora que a interação é
inclusive, o lampejo do nosso altruísmo, ou melhor, é pelo médium da
linguagem que saímos da nossa individualidade e nos apresentamos ao outro.
Não mais encapsulados em nós mesmos, estamos expostos - pelo uso da linguagem
- ao público e a sociedade, o que certamente nos incomoda, mas também
favorece a ampliação de nosso horizonte e do sentido que nos orienta.
Em geral cada indivíduo está disposto apenas a
usar o que se encaixa em seu mundo de ideias e juízos, e o resto não é
recepcionado, inclusive na dimensão da contemplação.
Isto certamente ocorrerá com a teoria que
apresento, pois não fará sentido algum para todo aquele que não estiver
aberto a outras possibilidades e, portanto, está com seu celeiro lacrado e,
jamais se permitirá desconfiar da razão.
Retomando a dimensão da interação, afirmo que não
podemos chegar a ela sem considerar a ação, a reação e a contemplação; elas
se complementam e, por vezes, funcionam simultaneamente no ser humano; nos
animais e plantas só há ação, mesmo quando a falcão protege seus filhotes ela
age pela autopreservação.
Gostaria de fazer uma provocação neste interim:
será que é a funcionalidade orgânica da autopreservação que imprime em nós as
sensações dos juízos? Pois me parece que os outros cinco sentidos estão mais
voltados às impressões de sensações simbólicas.
Mas, além de comporem
o todo da razão prática que é ação, interação, reação e contemplação, estas
quatro dimensões, não hierarquizáveis, normalmente acabam se desenvolvendo no
humano da seguinte forma: a funcionalidade orgânica acontece
despercebidamente; a interação, por ser inevitável é suportada; a
razão-reação transformada em instrumento de bem viver recebe toda a atenção.
Aliás, a maioria da humanidade estaciona nesta dimensão por comodidade, ou
ingenuidade, ou ilusão; e por fim alguns chegam à contemplação.
Lembro sempre da
figura/representação do átomo como figura ilustrativa do referido
anteriormente, ou melhor, o átomo é representado por anéis que se movimentam
em torno de um núcleo; anéis que posso considerar como a ação, a interação, a
reação e a contemplação, também em constante movimento.
Mais uma provocação:
a “religião” dificilmente chega a ser contemplação, pois para grande maioria
o altar não passa de um balcão de negócios, ou seja, é exclusivamente reação,
pois alimento um “Outro” que precisa me socorrer quando estou em apuros. Na
verdade é mais um reflexo do eu em condições ideais do que um “Outro”.
Parece-me mais uma necessidade dos humanos - ter que identificar o Outro com
um “Alá”, ou uma “Santíssima Trindade”, ou um “Buda” - do que da
transcendência enquanto transcendência.
Aliás, não é possível uma contemplação só com o
“Outro” da religião, já com o outro da sociedade quero distância. Por
experiência própria, faço altas meditações no sítio, sentado na mata, perto
do rio, mas, na vida cotidiana, tenho altos sentimentos de raiva, inveja,
medo, desconfiança... das pessoas com quem preciso conviver/interagir
diariamente.
A razão prática,
enquanto contemplação implica em ir além da comumente reação/imaginação. Por
isto a contemplação é a quarta dimensão, ou seja, a última (até o momento),
por implicar em maior desenvolvimento das pessoas, o que geralmente requer um
processo mais longo. Claro que há pessoas que conseguem perceber com mais
rapidez e nitidez que a razão reativa não é a parada final, muito menos o
porto seguro que a modernidade apregoa. E assim insatisfeitos e inquietos vão
em busca de algo maior. Algo maior que inclui o outro, ou melhor, os outros
(pessoas, natureza, eu interior e o Outro).
Inclusive, esta é a
grande novidade do cristianismo: não basta mais temer a Deus (o que pode ser
bem subjetivo/reação), mas Jesus desafia o humano a amar também ao próximo/o
outro, e isto com certeza, não cabe na razão-reação, mas requer interação,
afinal, amar o próximo é dar voz a ele, respeitar sua vez de falar e,
sobretudo, estar aberto à possibilidade de convencimento.
Este também é o mote/foco de muitos filósofos, antropólogos,
"iluminados", psicólogos, políticos e, acredito que de todos os
sociólogos: que os humanos possam amadurecer e caminhar com o outro em busca
de um mundo melhor, de um mundo equilibrado.
Sabendo que é a tensão entre o individual e o
social, entre o terreno e o transcendente que requer equilíbrio. De forma
que, assim como a interação é inevitável, ela requer muito mais atenção da
nossa parte, afinal, insisto, é ela que já nos aponta para a transcendência.
Certamente que a civilização, fundada erroneamente
a partir da razão-ação a curto prazo, não está muito disposta à interação (e
muito menos ainda à contemplação) afinal, o que vale é a máxima do conhecer
(da razão teórica) e do dominar (razão prática). Inclusive o próprio ser
humano, o transcendente e a natureza são considerados como objetos de uso.
Nota-se que esta máxima - do conhecer e dominar -
também se transformou no lastro do ensino institucionalizado (que não chamo
de educação, pois concordo plenamente com a distinção feita por Condorcet (1743-1794):
escola é o lugar de instrução pública e, a família, a igreja, os grupos
sociais, dentre outros, são os lugares da educação.), restringindo-o quase
que exclusivamente à dimensão da reação, ou seja, atrofiando a razão prática
em vez de potencializá-la enquanto ação, interação, reação e contemplação.
A natureza está em nós e nos forma, assim
como a razão, a linguagem e a contemplação. Somente conscientes deste
processo ampliado, a humanidade, ou melhor, a vida no planeta poderá
reequilibrar-se conosco, caso contrário possivelmente o planeta tenderá, a
médio/longo prazo, a outro equilíbrio necessário afinal, nossa concepção
unilateral de razão prática nos desequilibra enquanto humanos, logo, acabamos
interferindo no todo do qual somos parte.
Encerro, por ora, insistindo: razão
prática é: ação, interação, reação e contemplação. E desta forma, “intuitivamente”, acabo
reunindo na mesa comum da interação argumentativa filósofos da natureza e
empiristas com filósofos racionalistas e com filósofos sociais e da linguagem
e também os metafísicos/"iluminados", a fim de buscar um
entendimento ampliado, entre sujeitos, a respeito do mundo.
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Das Erwachen aus einem anderen “Dogmatischen Schlaf“
Menschliche Vernunft gehört zur Ordnung der Reaktion und nicht zu derjenigen
der Aktion
Tércio
Inácio Jung
Beim Studium von Habermas’
Theorie – um den Ausdruck mit Habermas schlafend zu umschiffen – erwachte ich
aus einem langen „dogmatischen Schlaf“. So wie Kant von Hume aus einem
„dogmatischen Schlaf“ geweckt wurde, so wurde ich von Habermas geweckt.
Von der Voraussetzung
ausgehend, dass es die Vernunft ist, die uns von den anderen Lebewesen
unterscheidet, uns also zu menschlichen Wesen macht, und auch davon
überzeugt, dass diese Vernunft theoretischer Art (denken) wie praktischer
Vernunft (handeln) ist, began ich, mich an die praktische Vernunft
heranzumachen, da ich viel neugieriger darauf war, „was uns / unseren animus
bewegt“ als darauf, „wie wir denken“.
Kant (1724-1804) hatte uns
bis dato davon überzeugt, dass praktische Vernunft Aktion ist, da sie uns
Entscheidung abverlangt, also Handeln „nach Pflicht oder aus Pflicht“, was
uns zu einem moralischen Handeln führen würde oder eben nicht. Und für
Kant wird moralisches Handeln von innen angetrieben, und wenn dies misslingt,
wird äusserliche Kontrolle erforderlich, also ein Vater oder ein Vertrag /
das Gesetz, oder ein Gott.
Beim meinem Befassen mit der
Habermasschen Theorie sah ich mich jedoch mit einer andersartigen Dimension
unsrer praktischen Vernunft / unserem animus konfrontiert, und zwar
derjenigen der Interaktion. Habermas (1929) konzentrierte sich auf die
Entwicklung einer Sozialtheorie, die ihn ihrerseits dazu brachte, die
Koordination des menschlichen Handelns „zu Hause“ und in der Gesellschaft zu
beobachten, wobei er nahezu unmittelbar feststellte, dass es vor der
Koordination des Handelns eine sie leitende Vernunft gibt. So machte sich
Habermas daran, sich mit der Vernunft auseinander zu setzen, oder Marx
(1818-1883) praphrasierend, mit der (rationellen) Infrastruktur, die dem
Überbau Halt bietet (Koordinierung des Handelns). Unzufrieden mit der
subjektiven Vernunft, die dem „häuslichen“ Subjekt angehört – vor allem mit
sich selbst beschäftigt, wenn überhaupt, wie Hume (1711-1776) bemerkt, auch
mit seinen Angehörigen beschäftigt, also der Familie – setzt Habermas alles
auf die Suche einer weniger egoistischen Vernunft, da nun mal ein Leben in
Gesellschaft für uns vernüftige menschliche Wesen unvermeidlich ist. Unter
dieser Herausforderung begann er, sich um die Begründung einer interaktiven
Vernunft / Rationalität zu bemühen, was ihn zu einem neuen Paradigma führte,
nämlich der Sprache, der kommunikativen Rationalität.
In seinem Traktat über die
menschliche Natur widmet sich Hume einer empirischen Begründung der
Arbeitsweise der Vernunft. Er gelangt zum Schluss, dass sich uns durch die
uns verfügbaren Sinne die Gefühle in unser Gehirn einschreiben und wir beim
Denken lediglich Gefühlserinnerungen (Zeichen
und Bewertungen) assoziieren. Wir denken uns die Objekte also nicht, sondern
denken an die Erinnerung von Gefühlen und verbinden sie miteinander. Was ich
jedoch von Hume ausgehend im Augenblick hervorheben möchte, ist die
Begründung des menschlichen „Wesens“ auch in der Natur, wir müssen also die
Vernunft als einzige Quelle unseres animus entthronen, als sei sie
eine fast göttliche und alles regierende Entität.
Hiervon ausgehend kann der
Leser feststellen, dass ich nicht allein war, einsam, in meinem
Studienzimmer, sondern mit verschiedenen Autoren und Theorien interagierte,
um bei der Frage nach der praktischen Vernunft / unserem animus zu
einem Konsens, oder, nach Pierce (1839-1914), zu einem Schluss zu kommen.
Und schon nun bitte ich
einen jeden Leser: reagieren Sie nicht einfach, sondern interagieren (oder Kontemplation)
Sie. Niemand ist im übrigen gezwungen, zu erwachen, der Schlaf ist vielmehr
der ideale Ort für Reaktion, während Interaktion nur bei wachen Subjekten und
inter-hominis möglich ist; und Kontemplation erheischt viel Grossmut und
Sich-Gehen-Lassen.
Auf diese Weise angespornt,
den kantschen dogmatischen Schlaf (und fast jede moderne Philosophie) hinter
mir zu lassen, und insbesondere inspirert von der habermasschen Philosophie sowie
getrieben von der historischen Erfordernis nach der und / oder Unruhe um die
Suche nach grösseren Kräften / Energien / Bewusstseinsformen, unternahm ich
Überlegungen, praktische Vernunft als Handeln, Interaktion, Reaktion und Kontemplation
zu begreifen.
Aktion würde der Ordnung der
organisch-natürlichen Funktionalität angehören, Interaktion der Ordnung
unsrer notwendigen und unvermeidlichen Umgänglichkeit, Reaktion der Ordnung
des menschlichen Verstandes, und Kontemplation der Ordnung des Altruismus,
der Öffnung für das über uns hinaus Weisende und der Intuition. Ich gestehe,
dass ich mich davon ausgehend versucht fühle, unsere theoretische Vernunft zu
begründen als: natürliche Intelligenz (der Sinne), interaktive Intelligenz
(kommunikativ), bezügliche Intelligenz (Ideen, Zeichen und Bewertungen), und
tranzendentale Intelligenz (Intuition). Für den Augenblick belasse ich es dabei.
Doch plötzlich erwache ich
aus dem dogmatischen Schlaf: Ich fragte mich nun, ob menschliche Vernunft auf
Aktion oder auf Reaktion verweist, und
... siehe da, hier stehe ich nun erwacht und behaupte, dass menschliche
Vernunft Reaktion ist, und organische Funktionalität / Natur Handeln.
Das Erwachen wurde durch die
Erwägung der vier Dimensionen unsrer praktischen Vernunft ermöglicht, einfach
indem diese weit gefasst und nicht auf die Ordnung der Vernunft als Handlung
eingeschränkt wurde; unser langer dogmatische Schlaf begreift so Vernunft
plötzlich als Handeln und tiefen Schlaf Descartes´ (1596-1650), Kants und der
Mehrheit der modernen Philosophen. Es gilt hier anzumerken, dass sich unser
gesamtes institutionelles Bildungssystem lediglich auf die reaktive Vernunft
begründet.
Damit kome ich zum zweiten
Augenblick meines Erwachens. Ich bemerkte, dass was uns antreibt die
praktische Vernunft ist, die sich aus organisch- natürlicher Funktionalität,
„Rationalität“, Vernunft und Kontemplation zusammensetzt, unsere
praktische Vernunft besteht demnach aus Aktion
(ação) – Interaktion (interação) – Reaktion (reação) – Kontemplation (contemplação). Sehen Sie, lieber Leser, dass
selbst die Begriffe der portugiesischen Sprache diese Theorie begünstigen, da
in allen vier Begriffen das Wort Aktion enthalten ist, was verdeutlicht, dass
sie uns antreibt / bewegt.
Ich unterbreite dem gemeinen
Tisch der Debatte weitere Elemente, denn so wie Habermas habe auch ich
Klarheit darüber, dass der Mensch durch Interaktion schon dazu
herausgefordert ist, seinen Individualismus abzulegen, doch die reaktive
Vernunft verschloss ihn im Individualismus. Selbst die Dimension des Kontemplations
ist allgemein auf die unmitelbaren persönlichen Bedürfnisse eingeschränkt und
liegt damit der Öffnung zur Intuition fern.
Ich stelle auch klar, dass
unter den vier Dimensionen der praktischen Vernunft keine Hierarchie besteht,
das war es übrigens, was mich in den dogmatischen Schlaf wog, genauer, die
Vernunft war souverän in der Bestimmung des Handelns – zumindest sollte sie es
sein – so predigte es die Aufklärung, später der Positivismus, und so predigt
es die Moderne, eine Ära, die Vernunft als streng technisch-instrumental
begreift und nährt, sagt Weber (1864-1920).
Vertiefen wir jedoch die
Begründung und argumentative Interaktion: glücklicherweise wurde ich von der
Natur mit einem Krappenwaldfalken (Micrastur semitorquatus), besser Krappenwaldfalkin
beehrt, die ihr Nest zum vierten mal im Grill meines Landsitzes eingerichtet
hat. Die erste organisch-natürliche Funktionalität dieses Weibchens, die
meine Aufmerksamkeit erregte, ist, dass es immer Anfang September sein Nest
bauen kommt. Natürlich trägt bzw. fliegt es nicht dauernd mit einem Kalender
unter dem Flügel umher, vielmehr orientiert es sich an natürlichen Faktoren. Eine
zweite seiner Handlungen, die mich sehr beeindruckt, ist ihr Schutz seiner
Nestlinge. Ich bin mir fast sicher, dass Sie schon sagten – oder wenigstens
dachten –, das ist instinktive Reaktion und keine Handlung. Und da stehe ich
vor meiner grössten Herausforderung – die ich mich mit derjenigen Einsteins
zu vergleichen traue, der die Theorie der Schwerkraft Newtons hinterfragte --,
Handeln von der Natur aus zu begründen und Reaktion vom menschlichen
Verstande aus.
Hume beteuert, dass die
Natur uns mit dem Sinn der Selbsterhaltung ausstattete, und vergleicht sie
mit einer natürlich Ordnung. Eine Ordnung der Handlung und nicht der
Reaktion, die etwa den Körper / Organismus dazu bringt, sich unaufhörlich
fortzupflanzen und sIch zu schützen, um zu überleben, genauer, die Natur
treibt alle Organismen zu dieser Handlung. Es dünkt mir, dass wir hier auch
das Vergnügen (Vorlieben und Laster) und den Schmerz (Angst und Sicherheit)
situieren können, guter Boden für unsere Gefühle und Wertungen.
Unsere fünf Sinne arbeiten
ebenfalls in jedem Organismus gleich, sie entwickeln überall die selben
Handlungen, also alle hören mit den Ohren, riechen mit der Nase, usw. Und so,
durch die Verwendung der Sinne, notwendigerweise unter Einschluss des Sinnes
der Selbsterhaltung, macht jedes Individuum seine eigenen Erfahrungen und
speichert deren Gefühle (Signum) anschliessend ab und schafft sich damit so
etwas wie einen Speicher von Zeichen, die er zu verbinden beginnt, indem er
überlegt und Ideen sowie Beurteilungen erzeugt. Denken bedeutet dann, Zeichen
miteinander in Verbindung zu setzen, und dies geschieht im subjektiven
Individuum. Und durch Kommunikation / Sprache im Austausch wird der Zugang zu
den Zeichenspeichern anderer ermöglicht.
Im Denken und Sprechen, also
in der Bezugsetzung von Ideen und Beurteilungen, unterscheidet sich der
Mensch von den Tieren, anders gesagt, er wird zum rationalen Wesen,
überwindet die Gesetze der Natur, die auch seine Bestandteile sind. Während
die Krappenwaldfalkin ihr natürliches Handeln weiterverfolgt und sich selbst
erhält, was die Aufzucht der eigenen Brut und deren Ernährung mit gegriffenen
kleineren Vögeln mit einschliesst, beginnen Menschen vernünftig zu
reagieren und die natürliche Handlung unter Kontrolle zu nehmen und dazu
überzugehen, Tiere zu domestizieren, um sie nicht mehr jagen zu müssen.
Der modernen, nahezu
göttlichen Vernunft gelang es sogar, unsere natürliche, interaktive und Kontemplationde
Bedingung in Vergessenheit geraten zu lassen, und damit die gesamte Menscheit
zu verblenden, indem sie beteuert, dass es neben ihrer mächtigen
Vernunftsreaktion nichts gebe, das ihre Aufmerksamkeit verdiene. Eine solch
mächtige Vernunft, dass sie sich als Inhaberin der praktischen Vernunft zu
fühlen begann, wo sie doch nur eine der Dimensionen darstellt.
Nun, vor der Reaktion es
gibt zwei Dimensionen und eine nachfolgende, und das „intelligente“
menschliche Wesen muss anfangen, von diesen Diemensionen Kenntnis zu nehmen,
sonst wird es seine Existenz verblendet weiterführen. Es scheint mir
gar vernüftig, zu bestätigen, dass unsere Vernunft überaus instrumentalisiert
ist, gerade weil sie Reaktion auf den organischen Funktionalismus ist,
genauer: Wir benutzen unsere vernünftige Reaktion, um dem organischen Funktionalismus
effizietere Antworen liefern zu können, der uns ab der Zeugung durchdringt.
Oder, worauf schon Schelling (1775-1854) beharrte, der Mensch ist Bestandteil
der Natur, und die Natur erreichte in ihm das Selbstbewusstsein.
Die Krappenwaldfalkin deutet
nicht darauf in, dass sie ein Gedächtnis für gespeicherte Gefühle hat, und
sicherlich zieht sie nicht in Betracht, dass ich, menschliches Wesen,
vernunfbegabt bin und sie deshalb erneut kein Leid zufügen werde, schliesslich
ist es schon das vierte mal, dass ich die Benutzung des Grills unterlasse …
schliesslich, wenn es nun einmal so ist und ich mich ihres Nestes nähere (das
tue ich selten, da ich als intelligenter Mensch Kameras zur Beobachtung installierte
– ein von anderen intelligenten Menschen installiertes Instrument, das sie sicherlich
nicht beunruhigt. Sie handelt wie beim ersten mal: sie breitet die Flügel aus
und ist zur Selbstverteidigung bereit. Ich bin im Besitz der Erinnerungen
meiner vorangegangenen Empfindungen – das beinhatet den Zugang zum Speicher
der von anderen registrierten Gefühle, denn ich suchte im Internet nach
Informationen über meine Untermieterin, schon um sie zu identifizieren – ich
reagierte ihr gegenüber ruhig, sogar froh darüber, sie beherbergen zu dürfen,
und war äusserst vorsichtig, um sie in ihrem natürlichen Hendeln nicht zu
behelligen.
Wegen unsrer Vernunft, die
auf den organischen Funktionalismus reagiert, gelingt es uns, Häuser zu bauen,
so müssen nicht mehr wie unsere Vorfahren in Höhlen hausen, wir reagiren also
auf die natürliche Selbsterhaltung und entwickeln Werkzeuge und Techniken,
die sich aufgrund der mündlichen Übertragung der Gefühlsspeicher
anhäuften und von Generation zu Generation übertragen werden. Dieser
Informationsanhäufung und technischen Perfektionierung wegen gelingt es uns
heute, höchste Gebäude zu errichten.
Hier erweckt mir die
Tatsache Aufmerksamkeit, dass wir weiterhin auf Reaktionen anderer reagieren,
weswegen wir die organischen Funktionalität nahezu vergessen, jedenfalls
verweisen wir sie auf eine zweite Ebene und denken, wir seien durch unsere
Vernunftsmässigkeit selbstgenügsam.
Bevor ich fortfahre, möchte
ich darauf beharren, dass diese Theorie nur Sinn macht, wenn sie in ihrer
Gesamtheit erwogen wird, also praktische Vernunft als Handeln,
Interaktion, Reaktion und Kontemplation insgesamt. Wenn Sie dies noch im
dogmatischen Schlaf befindlich zu verstehen wünschen, der Schlaf, der praktische
Vernunft nur als Handeln verstand, dann können Sie natürlcih nicht
vorankommen. Wier kann ich mich schliesslich mit jemandem austauschen, der
noch „schläft“?
Mehrmals sprach ich schon
die interaktive Dimension der praktischen Vernunft an, wie ich es vor kurzem
tat, also die „Speicher der Symbole und Beurteilungen“ anzuzapfen ist auch
Austausch, denn ich kann von einer Lektüre viel mehr tiefer ergriffen werden
als von einem persönlichen Gepräch. Mit der Krappenwaldfalkin geschieht
jedoch kein Austausch, denn sie reagiert mit Verteidigung und ich mit dem
Wunsch, sie näher kennen zu lernen, und meinen symbolischen Speicher aufgrund
meiner Neugierde zu erweitern.
Mir dünkt,
dass unser Symbol- und Wertespeicher sowohl bewusst wie unbewusst ist,
und dass dies Unbewusste zumal Einflüssen der Gefühlsspeicher unsrer Vofahren
unterlag, wir beerbten also Symbole und Beurteilungen unsrer Vorfahren.
Ich greife auf die Dimension
der Interaktion zurück, rufe die Theorie Habermas‘ an. Habermas geht es um
die Interaktion von in Gesellschaft lebenden Menschen, und bei ihrer
Erklärung bemerkt er, dass das, was die Menshcen bewegt, irgendeine
Vernunft ist, dass er also erst die sie bewegenden Vernunft verstehen müsse,
um zu verstehen, wie Interaktion unter den Menschen vor sich geht.
Habermas hinterfragt
zutiefst Vernunft als einfaches Denken von in ihren Subjektivitäten
isolierten Individuen, die sich als selbstgenügsam verstehen, um die
Naturgesetze durch die Benutzung der theoretischen Vernunft zu enthüllen.
Natürlich ermöglichte die Enthüllung einige bedeutende Entdeckungen und
vielversprechende technologische Fortschritte und verbesserte das eigene
Leben, es schuf jedoch auch neue Zweifel und künstliche Erfordernisse.
Selbst diese Entdeckungen
müssen nach Habermas von der theoretischen Vernunft ausgehend der argumentierenden
Gemeinschaft zur Untersuchung, Kritik und Verbesserung vorgelegt werden.
Bliebe ich mit meiner Theorie in meinem Büro, machte sie nur für mich selbst
Sinn. Ich könnte mich bei ihr sehr leicht täuschen. Setze ich sie jedoch der
argumentativen Kritik aus, beabsichtige ich damit ihr Überleben, weil sie für
uns sinnvoll ist, die wir das Leben, dessen Bestandteil wir sind, als Ganzes
zu verstehen beabsichtigen.
Ich weise allerdings darauf
hin, dass Interaktion nur möglich ist, wenn Subjekte bereit sind, zu
interagieren, was recht schwerig ist, denn meist befinden sie sich in ihren
grossen Kollektiven dennoch nur als reaktive Individuen, also auf ihre
subjektive und reaktive Reaktion fixiert, und damit dem anderen gegenüber
völlig verschlossen, der Interaktion verschlossen, die die Offenheit für
mögliche Kritik und Änderung erheischt.
Habermas beharrt unermüdlich
auf der menschlichen Erfordernis, zu einem sozialen Bewusstein und
diskursiven – intersubjektiven, das individualistische Wollen überwindende –
Wollen zu gelangen. Für ihn ist klar, dass dies über die Sprache artikuliert
werden kann und muss, Sprache gehört demnach zur Ordnung der Interaktion.
Ich wage nun gar zu
behaupten, dass Interaktion sogar das Aufblitzen unseres Altruismus darstellt,
genauer, durch das Medium unsrer Sprache verlassen wir unsere Individualität
und stellen uns dem Anderen vor. Nicht mehr in uns selbst eingekapselt, sind
wir durch die Verwendung von Sprache der Allgemeinheit und Gesellschaft
ausgesetzt, was uns sicherlich stört, aber auch der Erweiterung unseres
Horizonts und unserer uns leitenden Sinne dient.
Allgemein ist jedes
Individuum lediglich dazu bereit, zu verwenden, was sich in seine Ideen- und
Wertewelt einfügt, Sonstiges wird nicht rezipiert, auch die Dimension des Kontemplations
nicht.
Dies wird sicherlich mit der
von mir vorgelegten Theorie geschehen, denn es macht für jeden keinen Sinn,
der nicht offen ist für andere Möglichkeiten und daher seinen Speicher
verschlossen hält, und sich niemals erlauben wird, Vernunft in Frage zu
stellen.
Die Interaktionsdimension
wieder aufgreifend, halte ich fest, dass wir sie nicht erreichen, ohne Aktion,
Reaktion und Kontemplation einzubeziehen; sie verhalten sich komplementär
zueinander und manchmal wirken sie beim Menschen gleichzeitig. Bei Tieren und
Pflanzen gibt es nur Aktion, selbst wenn das Weibchen seine Jungen beschützt,
handelt es zur Selbstbewahrung.
Hier würde ich gern einen Anstoss
geben: Ist es wohl die organiscche Funktionalität der Selbserhaltung, die uns
die Gefühle der Beurteilungen auferlegt? Denn mir scheint, die anderen fünf
Sinne haben mehr mit symbolischen Eindrücken zu tun.
Doch über die Ganzheit ihrer
praktischen Vernunft hinaus - also Handlung, Interaktion, Reaktion und Kontemplation
- entwickeln sich diese vier nicht hierachisierbaren Dimensionen
normalerweise im Menschen folgenderweise: die organische Funktionalität
vollzieht sich unbemerkt. Interaktion wird ertragen, weil sie unvermeidlich
ist; völlige Aufmerksamkeit erhält die vernünftige Reaktion als Instrument zur
Erlangung einer guten Lebensweise. Die Mehrheit der Menschheit verharrt aus
Bequemlichkeit oder Naivität oder Selbsttäuschung in dieser Dimension.
Letztendlich gelangen einige zum Kontemplation.
Ich erinnere immer an die
Figur / Darstellung des Atoms als Illustration des oben gesagten, genauer,
das Atom wird als Ringe dargestellt, die um einen Kern kreisen; die Ringe
kann ich als stetige Bewegung von Handlung, Interaktion, Reaktion und Kontemplation
verstehen.
Ein weiterer Anstoss: „Religion“
gereicht kaum zum Kontemplation, denn für die breite Mehrheit stellt der
Altar nichts weiter als eine Wechselstube dar, also reine Reaktion, denn ich
fördere einen „Anderen“, der mir bei Schwierigkeiten zu Hilfe eilt. Dieser
ist eher eine idealde Wiederspiegelung des Ichs als ein „Anderer“. Es scheint
mir eher, dass es sich um ein Bedürfnis des Menschen handelt - den Anderen als mit einem „Allah“, oder
einer „Heiligen Dreieinigkeit“ oder einem „Budda“ identifizieren zu müssen -,
als um Transzendenz als Transzendenz.
Ein Kontemplation allein mir
dem „Anderen“ der Religion ist im Übrigen nicht machbar, beim „Anderen“ in
der Gesellschaft ziehe ich aber lieber Distanz vor. Aus eigener Erfahrung: auf
meinem Landsitz pflege ich tiefe Meditation, im Wald sitzend, nahe eines
Flusslaufes, aber im Alltag hege ich intensive Wutgefühle, Neid, Angst,
Misstrauen gegenüber Menschen, mit denen ich täglich zusammen sein und
auskommen muss.
Praktische Vernunft als Kontemplation
impliziert, über die gemeine Reaktion / Vorstellung hinaus zu gehen. Deshalb
ist das Kontemplation die vierte Dimension, also die (bisher) letzte, da sie
eine stärkere Entwicklung der Menschen impliziert, was gemeinhin einen
längeren Prozess erfordert. Natürlich gibt es Menschen, die schneller und
klarer bemerken, dass Vernunft nicht die Endhaltestelle ist,
vielweniger der von der Modernität gepredigte sichere Hafen. Solcherart
unzufrieden und beunruhigt, begeben sie sich auf die Suche nach Grösserem.
Nach Grösserem, das den Anderen einschliesst, besser, die Anderen (Menschen,
Natur, das innere Ich und der Andere).
Dies ist zudem die grosse Neuheit
des Christentums: es reicht nicht mehr, Gott zu fürchten (das sehr wohl
subjektiv / reagierend sein kann), Jesus fordert den Menschen vielmehr dazu auf,
auch den Nächsten zu lieben, und dies ordnet sich sicherlich nicht in die
vernünftige Reaktion ein, sondern verlangt Interaktion, schliesslich bedeutet
den Nächsten zu lieben, ihm Stimme zu verleihen, sein Recht auf das Sprechen
zu achten und vor allem der Möglichkeit der Überzeugung offen gegenüber zu
sein.
Dies ist auch das Motto /
der Focus vieler Philosophen, Anthropologen, „Aufklärern“, Psychologen,
Politikern und vermutlich aller Soziologen: dass die Menschen mit dem Anderen
reifen und ihn begleiten können auf dem Weg zu einer besseren Welt, einer
ausgeglichenen Welt.
Wohl wissend, dass die
Spannung zwischen dem individuellen und sozialen Wesen, zwischen dem
Irdischen und dem Transzendentalen Ausgleich verlangt. So dass sie, so wie
Interaktion unvermeidlich ist, unsrerseits viel mehr Aufmerksamkeit verlangt.
Schliesslich, so beharre ich, ist sie es, die uns schon auf die Transzendenz verweist.
Sicherlich ist die
fälschlicherweise auf das kurzfristige vernüftige Handeln gegründete
Zivilisation nicht mehr gross zur Interaktion bereit (viel weniger auf
das Kontemplation), denn was letzlich zählt ist die Maxime das Wissens (der
theoretischen Vernunft) und des Beherrschens (praktische Vernunft).
Selbst Mensch, Transzendenz und Natur werden als Gebrauchsobjekte verstanden.
Es ist festzustellen, dass
diese Maxime - des Kennens und Beherrschens - auch zur Grundlage der
institutionalisierten Bildung wurde (die ich nicht Erziehung nenne, da ich
Condorcets (1743-1794) Unterscheidung völlig zustimme: Schule ist der Ort der
öffentlichen Bildung, und Familie, Kirche, Sozialgruppen und sonstige sind
die Orte der Erziehung.), weswegen ich sie fast ausschliesslich auf die
Dimension der Reaktion beschränke, also die praktische Vernunft beschneidend
anstatt ihr Potential als Handlung, Interaktion, Reaktion und Kontemplation
zu entfalten.
Die Natur ist in uns und
formt uns, so wie es auch die Vernunft tut, die Sprache und das Kontemplation.
Nur wenn die Menschheit, besser, das Leben auf dem Planeten, sich dieses erweiterten
Vorgangs im Klaren ist, kann sich das Leben auf dem Planeten mit uns wieder
in Ausgleich bringen, andernfalls tendiert dieser Planet möglicherweise
mittel- bis lanfristig zu einem anderen notwendigen Ausgleich, schliesslich
führt uns unsere einseitige Konzeption der praktischen Vernunft als Menschen
in Ungleichgewicht, so dass wir in das Ganze einwirken, dessen Bestandteil
wir ja sind.
Ich schliesse erst einmal
mit meinem Beharren: praktische Vernunft ist: Handlung, Interaktion, Reaktion
und Kontemplation. Und so, „intuitiv“, komme ich dazu, auf dem gemeinen Tisch
der argumentativen Interaktion Naturphilosophen und Empiriker mit
rationalsitischen Philosophen und Sopzialphilosophen und denjenigen der
Sprache wie auch mit den Methaphysikern und „Aufklärfern“ zu versammel, um in
Bezug auf die Welt ein erweitertes Verständnis zwischen Subjekten zu finden.
(tradução
de: Ulrich Dressel)
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Primeiro, enquanto organismo, sou AÇÃO DA NATUREZA (razão prática). Nossa infraestrutura; depois constituo minha REAÇÃO RACIONAL (razão teórica). Nossa superestrutura; sobre estas duas erijo meu edifício da INTERAÇÃO COMUNICATIVA (razão comunicativa). Nossa inevitável sociabilização; por fim, através da INTUIÇÃO, posso "transcender" o comumente mundo imaginário e de juízos (mundo no qual se situa a maioria das atuais religiões). E é neste processo/caminho que minha alma (ou psique, ou simplesmente minha autoestima) é alimentada, ou não.
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