Crônica GENES BONS NÃO GARANTIRÃO PESSOAS BOAS
Crônica
GENES BONS NÃO GARANTIRÃO PESSOAS BOAS
Esta sábia e intrigante frase, dita na aula de Genética, me fez divagar... Frase mais certeira do que a dita por Descartes: duvido, logo existo. Entretanto, enquanto a frase do Descartes favorecia a “revolução social-econômica” em andamento, por isso adotada como dogma... já a frase acima, aponta para a ferida da nova “revolução técnico-econômica” em andamento, logo, será feito de tudo para ignorá-la.
Com “nova revolução técnico-econômica” me refiro a questão genética que está por se tornar a galinha dos ovos de ouro dos grandes investidores. No momento, a “revolução técnico-econômica” da computação segue em alta no mercado de consumo, que é o deus criador de dogmas, pós Idade Média.
Entretanto, considerando que entramos numa nova era – a “era virológica” - como costumo dizer, certamente, com isso, os investimentos na área das manipulações genéticas despontarão, porque este será o novo combustível que fará o motor econômico funcionar. Isto me fez lembrar, agora, do primeiro motor de Aristóteles, que foi transviado, na Idade Média, pela Igreja para religião, mas, desde a revolução burguesa está sendo transviado pela e para a economia, o grande novo motor/paradigma/deus da humanidade.
Mas, retomando a clarividente frase inicial, isto é, de que os genes bons não garantirão pessoas boas, gostaria que pensássemos em algumas questões: qual a real intenção dos investidores nesta área? Os pesquisadores, desta área, conseguem ir além da própria sede pelo reconhecimento/poder? Garantir corpos saudáveis é humanamente fundamental? Esta tecnologia será acessível a quantos/a que classe social? Será que o “teórico” benefício geral, justifica a manipulação genética?
Enfim, seguimos achando que o mundo humano é o que importa, ou seja, seguimos investindo alto em apenas evoluir tecnicamente, para termos uma vida mais confortável, mas, convém lembrar que somos apenas uma das partes deste mundo que pulsa e é vida. Mundo que vive a sua vida, que busca o seu equilíbrio como uma totalidade em movimento. Mundo que quis nos incluir em seu movimento de vida, segundo Darwin. Aliás, até que ponto temos competência para intervir neste mundo natural em movimento há bilhões de anos? Responsabilidade e capacidade, com certeza, enquanto indivíduos carentes e desequilibrados... temos bem pouca.
O Mundo da vida é muito maior que o nosso frágil mundo humano.
Não deveríamos investir todas as nossas modestas energias para formar pessoas melhores, preocupadas com a coletividade humana, mas também, preocupadas com a vida do Mundo?
Pessoas boas, caros cientistas e investidores, caso não saibam, são aquelas que se preocupam com todos... e não apenas consigo mesmo e com os seus mais próximos. Do egoísmo humano e da macabra ilusão de uma raça superior... o nazismo já foi um claro e triste exemplo.
Evidente que em casos específicos, de prevenção e de saúde a genética tem/teria muito a contribuir. Mas o Estado (a legislação) será capaz de manter a genética a serviço dos cidadãos e da vida, longe das garras gananciosas do mercado econômico? Penso, muitas vezes, que apenas proibindo a exploração econômica dessa técnica, no planeta inteiro, seria a medida necessária, capaz de conter os abusos e evitar os inúmeros riscos que a manipulação genética vai provocar.
Tércio
Inácio
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