Crônica: ESTUDAR DÓI
Crônica:
ESTUDAR DÓI
Aproveitando o Dia do Estudante e a minha divagação sobre, já protelada algumas vezes, tentarei provocá-los à reflexão, a uma reflexão realista, do meu ponto de vista. Evidente que muitos dirão que é uma reflexão pessimista. Acordemos então, que será apenas “um outro olhar” sobre a questão dos estudos, de ser estudante.
Bem sabemos da existência e do império do principio da felicidade, da facilidade, do menos exigente, do que requer menos esforço... enfim, como diria Freud, do princípio do prazer e suas pulsões na existência de cada – e toda – vida humana. Está em nós, naturalmente nos constitui e condiciona. Infelizmente, o paradigma econômico soube - e sabe – usar este princípio, a seu favor, muito bem. Nada que já não tenha sido feito pelas religiões, claro que de uma forma muito mais elaborada e sutil; afinal, no fim das contas, cada indivíduo crente, só busca o conforto (o que inclui o bem estar dos familiares, amigos e até mesmo, inclui “pedidos” mais nobres) aqui e agora, e é claro, para depois, ou seja, um conforto para a eternidade, este a longo prazo, bem diferente dos instantâneos prometidos pelo paradigma econômico.
Mas enfim, voltemos ao dia do estudante e ao “outro enfoque” que quero provocar.
Certamente você, estudante, já ouviu muitas pessoas dizerem que estudar tem que ser prazeroso, que precisa ser como um brincar, deve ser alegre... só que você, que estuda de fato, percebe hodiernamente que isto, em geral, não ocorre e raramente ocorre nesta direção, mas, se dá na direção oposta, ou seja, depois de muita dedicação, empenho, disciplina, bunda da cadeira, festinhas recusadas, horas de estudos... você acabou experimentando momentos de prazer e alegria como estudante. Aliás, uma analogia que costumo fazer é entre estudar e treinar numa academia, ou seja, quem vai para uma academia de musculação sabe que precisará de muito empenho e dedicação, sabendo que só depois de um ano, ou mais, os resultados “prazerosos” serão sentidos.
Em relação aos estudos e ao brincar, deixo claro que uma criança pode aprender mais brincando do que sentada numa cadeira, mas, aos poucos, o brincar não é mais suficiente para seguir nos estudos formais, estes que a humanidade vem instituindo como cultura científica, válida e digna de manutenção e de “apresentação” às novas gerações. Falando em novas gerações, um grande equívoco atual, dos pais, é achar que os filhos estão aprendendo, por conta própria, usando celular, computador e até mesmo com o Playstation. Na verdade, até que estão aprendendo, mas, “aprendendo a não aprender”, e com certeza, não estão sendo estudantes e estudiosos.
Também não estou querendo dizer que estudar é autoflagelação e apenas dor e sofrimento, mas que estudar requer sacrifícios, você, estudante - curioso em saber mais - há de concordar comigo. E se você, estudante, ainda não sentiu a dor a qual me refiro, certamente, você ainda não precisou escrever (bem diferente de “copiar e colar”) um artigo científico, um TCC, uma Dissertação, ou uma Tese. Quem já o fez, sabe bem que estudar/escrever implica em empenho, sacrifício e dor. Aliás, escrever um destes pode ser comparado à dor de parto do estudante; parto natural, nada de cesariana. hehe
Enfim, caro estudante, parabéns pelo teu dia!
Siga estudando.
Siga empenhado e dedicado na busca. Mas, na busca do conhecer, do aprender a aprender (que é diferente de estudar para ter um diploma, um emprego melhor, ter um salário melhor, querer sair da pobreza material e compensar a baixa autoestima com títulos, a fim de "ser alguém na vida"...).
Tércio Inácio
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