Crônica - CRIANÇA NÃO TEM DIREITOS; OS PAIS É QUE TÊM DEVERES

 

Crônica

CRIANÇA NÃO TEM DIREITOS; OS PAIS É QUE TÊM DEVERES

Em homenagem ao dia das crianças; apesar de parecer ofensivo é uma homenagem. Claro que poucos conseguirão acompanhar o meu raciocínio devido aos afetos envolvidos.

Bem sabemos, mesmo não querendo admitir, que o paradigma econômico é o deus da vez. O novo/outro deus criado pelos humanos. Entretanto, no Brasil, me parece que temos, também, o paradigma jurídico que tudo regula, observa e condiciona, ou melhor, a conduta dos brasileiros, em grande medida, não é mais norteada pela religião, muito menos pela moral, mas, por um ordenamento jurídico. Aliás, sugiro que mudem o “preâmbulo” da Constituição Federal para: “Nós, representantes do povo brasileiro, [...], promulgamos, sob a proteção de Deus da lei, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Mas, voltemos às crianças, ou melhor, aos pais, estes que, por não assumir os seus deveres para com os próprios filhos, provocaram a ira protetora da Lei. É nesse sentido - para você que está me deixando raciocinar - o título desta crônica, esta homenagem as crianças.

Teve um tempo em que eu era contrário a entrada, tão precoce, das crianças na Escola. Entretanto, observando a precariedade dos pais em serem pais (o que é bem diferente de apenas “botar filhos no mundo”), acabei por me convencer de que era melhor, para a maioria das crianças, colocá-las, o quanto antes, numa instituição de ensino, que, por mais precária que seja, ainda tem um projeto formativo minimamente estruturado... Porém, ao longo do tempo, isto resultou numa crescente desresponsabilização dos pais em relação aos próprios filhos, ou melhor, quem nunca ouviu algum pai dizer: “eu larguei de mão”; “eu não sei mais o que fazer”; “ele que se vire”; “o município/o estado precisa me ajudar”... Aqui, possivelmente, o título faça todo sentido – e a homenagem também – afinal, se os pais assumissem os seus deveres, as crianças não precisariam de direitos.

Ainda! Se os pais têm o direito de gerar filhos, eles também têm o dever de criá-los, ou, sinceramente falando, não deveriam tê-los, ou, no mínimo, ter menos. Aliás, por que ninguém tem coragem para falar disso? Ou será que é melhor gerar e não ter condições para criar? Por que, com quase 8 bilhões de humanos, raramente alguém se pronuncia sobre esse descontrole populacional? Ou será mesmo, que é melhor gerar e não ter condições para criar? Ou será que basta botar no mundo e o Governo que crie? Ou será que algumas nações não precisam se preocupar com isso, mesmo não tendo alimentos suficientes para seus cidadãos?

Por fim, preciso deixar registrado o que o Rousseau asseverou nesse sentido, no livro “O Emílio”: “Um pai, quando gera e sustenta filhos, só realiza com isso um terço de sua tarefa. Ele deve homens à sua espécie, deve à sociedade homens sociáveis, deve cidadãos ao Estado [...] Quem não pode cumprir os deveres de pai não tem direito de tornar-se pai.”

Podem me condenar, julgar, criticar... mas, se você tem filhos - ou pretende ter - eis o teu dever.

Falando em me condenar, ressalto que nem mencionei o Freud e a questão do desejo e do objeto de desejo, que tranquilamente caberia aqui, ou seja, os filhos como mero OBJETO de desejo dos pais, ou seja, os pais desejam ser pais, para isso precisam do filho.

Isso posto, e considerando a homenagem alegada, garanto-lhes crianças um direito sim, qual seja, o direito de serem filhos. 

 

   Tércio Inácio

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