crônica - UNIVERSIDADE E MÚSICA: UMA ANALOGIA POSSÍVEL





UNIVERSIDADE E MÚSICA: UMA ANALOGIA POSSÍVEL


Faz tempo que pensei na analogia entre a Universidade brasileira e a música, para provocar uma reflexão crítica a respeito da Ciência no Brasil.

Certamente, se eu perguntar para me dar um exemplo de “músico completo”, além do ouvido musical e da habilidade com os instrumentos musicais, também vai ser destacado a composição das/de letras. E é bem aí que restringimos, drasticamente, o número de músicos completos no Brasil, afinal,compor uma música não é para muitos. Curiosamente, me parece que os músicos de longo sucesso são os que também são compositores. Aqui evitei o conceito de “grande sucesso”, pois esses são muitos, mas geralmente, músicos de
curto prazo, pois mais se restringem a “interpretação musical” do que a produção musical.

E assim, a partir daqui, adentro na Ciência brasileira.

Será que a Ciência no Brasil não está demasiadamente restrita à “interpretação científica”, em vez de ser produção científica?

Parece que no Brasil nos resignamos a estudar autores e teorias estrangeiras e pouco produzimos de Ciência. Pior ainda, é quando nem se estuda esses autores e teorias estrangeiras na língua original, ou seja, passamos a interpretar o que não é o original.

Claro que a interpretação científica, requer muito empenho, responsabilidade e dedicação. E não é para qualquer um. Assim como, uma boa interpretação musical, também não é para qualquer um. Confesso que já me daria por satisfeito, se a academia/a Universidade brasileira, forma-se bons intérpretes de/da Ciência. Mas, isso ainda está longe de ser realidade, pois nem na graduação e raramente na pós graduação, se estuda o autor ou uma teoria, na língua em que foi produzida.

Enfim, só queria dizer que a Ciência no Brasil se restringe, demasiadamente, à interpretação científica e muito, raramente, chega a ser produção científica. Para viabilizar uma mudança real e possível, aqui, a opção viável seria formar bons intérpretes científicos na graduação e insistir numa produção científica na pós-graduação. Entretanto, no momento, infelizmente, ainda precisamos investir na formação de bons intérpretes na pós-graduação, para num segundo momento, podermos avançar na produção de Ciência.

Felizmente, o Brasil já é rico em produção musical. Mas, lamentavelmente, nem todo brasileiro tem ouvidos para isso.

E que possamos ir além da interpretação científica na academia brasileira. 

 

                                                                                                                    Tercio Inacio 

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